Nilo Peçanha e Taperoá sediaram nesta quarta-feira (05), o Encontro Territorial de Cultura do Baixo Sul, evento promovido pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult Ba). Pela manhã, o encontro aconteceu no Colégio Estadual de Tempo Integral Estela Aleluia Guimarães, em Taperoá. E, pela tarde, o evento foi finalizado na sede do Grupo Cultural Zambiapunga, em Nilo Peçanha.
Evento que contou com a parceria dos dois municípios e o apoio do Fórum dos Dirigentes Municipais de Cultura da Bahia, do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Taperoá, CODETER Baixo Sul e NTE 06. A recepção do evento foi feita pelo cantor e compositor Walace Hian, de Ituberá, e a abertura oficial feita pela Associação de Capoeira Costa do Dendê, com o Nzo Nkisi N’zazi Dandalunda Ua N’zambi Sara, povos de terreiros de Presidente Tancredo Neves.
Entre as autoridades presentes estiveram: Bruno Monteiro, secretário de Cultura da Bahia; Jaqueline Soares, prefeita de Nilo Peçanha; Kitty Guimarães, prefeita de Taperoá; David Terra, presidente do Fórum dos Dirigentes Municipais de Cultura e secretário de Cultura de Nilo Peçanha; Simone Bonfim, secretária de Cultura de Taperoá; Thais Pimenta, diretora de Cidadania Cultural da Bahia; Dennise Ramos, da Fundação Pedro Calmon; Oséas Marx, represente do Ministério da Cultura na Bahia; Francisco Nascimento, representante do NTE 06; Adriano Pereira, conselheiro estadual de Cultura; Gerval Teófilo, representante do CODETER; Otávio Mota, coordenador do Centro de Cultura Olivia Barradas; Josélia Santos, diretora do NTE 06; Mestre Pety, conselheiro da Salvaguarda da Capoeira da Bahia; além de diversos secretários municipais e vereadores de Nilo Peçanha.
O encontro teve como pauta: Plano Estadual de Cultura, Sistemas Municipais de Cultura e a Política Nacional Aldir Blanc (PNAB). “Um encontro que visa orientar e proporcionar formação aos gestores (as) municipais de cultura, na construção e/ou consolidação dos sistemas municipais, além da realização das escutas à comunidade cultural em relação a aplicação da PNAB e construção do novo Plano Estadual de Cultura da Bahia”, explicou Jhessy Coutinho, Representante Territorial de Cultural do Baixo Sul (RTC) – Secult Ba.
O enceramento do Encontro Territorial aconteceu em Nilo Peçanha, na sede do Grupo Cultural Zambiapunga, que na oportunidade inaugurou o Cine Zambiapunga, com a exibição do filme: Salvaguardando a Zambiapunga. O Cine é fruto de projeto selecionado pelo edital municipal Lei Paulo Gustavo – Apoio e manutenção a salas de cinema. “Mais de meio milhão de reais já foram investidos em Nilo Peçanha através de editais, nesses quatro anos de gestão. Nós temos dois quilombos importantíssimos, que representam a nossa raiz. Temos o Zambiapunga que é nossa identidade forte, registrada na entrada do nosso município. Estamos trabalhando, resgatando e fortalecendo a identidade do nosso povo, através das políticas públicas educacionais e culturais. Vamos este ano para a realização da quinta Semana Cultural de Nilo Peçanha. Nilo é diferente, especial, tem história, cultura e identidade. E, se depender de mim, vai ser conhecida nos quatro cantos do mundo”, celebrou a prefeita Jacqueline Soares.
Na oportunidade, Jacqueline também informou que já tem um projeto de revitalização da Praça localizada na frente da sede do Zambiapunga, e que vai buscar os recursos para a concretização do mesmo. Também solicitou ao secretário estadual um apoio para reforma do Centro de Cultura: “Isso é um compromisso nosso. Vou correr atrás de recursos, vou pedir a quem for necessário. Afinal, na região, apenas Valença e Nilo Peçanha possuem Centro Cultural e isso precisa ser valorizado. Tenham certeza que este é um dos meus propósitos. Estamos na história como a primeira prefeita, junto com o Grupo Folclórico Zambiapunga, que recebe um secretário estadual de Cultura em Nilo Peçanha. Uma honra e alegria! Me fortaleço, sei que estou no caminho certo, porque estamos juntos. Tudo podemos Naquele que nos fortalece que é Cristo Jesus ”.
“É uma honra fazer política cultural junto com vocês. Eu sei o que é isso, pois sou fruto dela. Tenho parceiras aqui como a RTC Jhessy, Vanessa Andrade que também foi RTC, que sempre nos deram apoio. Mas, era muito difícil alcançar um edital. Como era difícil que o recurso chegasse no interior. E, hoje, me sinto honrado com a presença do secretário estadual aqui em Nilo Peçanha. Os editais da Lei Paulo Gustavo e da Aldir Blanc tem impactado muito positivamente em toda Bahia. Ações como essa, do Cine Zambiapunga, é um belo exemplo disso. Aproveito para agradecer também a nossa secretária municipal de Ação Social, Dulce Mônica, que tem acolhido a cultura, e faz um trabalho maravilhoso junto com o Grupo Zambiapunga, de salvaguarda de crianças e adolescentes. Não acredito na cultura que não mantenha uma relação com outras secretarias. É preciso que entendamos que estamos reconstruindo as políticas culturais. Temos a missão de tirá-las do papel. E, que a cultura alcance lugares inimagináveis. Em 2019, este Grupo Zambiapunga sonhava ganhar um edital. Nos últimos anos já ganharam cinco! Política cultural se faz de maneira coletiva, se faz dando as mãos. Gratidão a todos que apoiam, lutam e fazem a nossa cultura acontecer! Seguiremos na luta em Brasília e onde mais for necessário”, destacou o secretário de Nilo, David Terra.
“Sempre digo que quem faz a cultura não somos nós dos governos, quem faz é o povo. O que o Estado felizmente hoje faz, é criar os instrumentos para que esta cultura se desenvolva, cresça e ganhe espaços como esse. E, que bom quando a gente se dispõe a fazer uma caminhada de valorização da diversidade cultural da Bahia, e encontra esse resultado concretizado nessas apresentações, nesta sede, em tudo que isso significa para a comunidade. Fiquei muito feliz ao ver o filme do Zambiapunga e constatar depoimentos tão significativos, que relatam a importância da valorização e propagação de geração em geração desse patrimônio cultural da Bahia. E, não adianta ter esse patrimônio e ele ficar restrito ao passado, restrito a uma geração apenas. Quando temos oportunidade de valorizar, incentivar e divulgar na sede, nos livros, nas fotografias, no cinema, significa manter essa tradição viva. De manter essa identidade que vem da nossa ancestralidade, que encontrou nas suas manifestações uma forma de se afirmar enquanto ser humano, enquanto povo. Também é por meio da cultura que reafirmamos o direito de ser quem se é, a partir do que nos constitui”, ressaltou o secretário estadual, Bruno Monteiro.
Bruno finalizou afirmando que a caminhada não é fácil: “Quando fazemos os editais e estabelecemos cotas para que essas políticas também sejam de reparação histórica, que garantam a presença da população negra, indígena, das mulheres, da comunidade LGBTQIA+, da nossa diversidade humana. Quando dizemos que tem que ter reserva para os territórios de identidade e para que todo conjunto da Bahia se sinta representado, significa que muitas vezes estamos enfrentando alguns interesses de quem sempre achou que os recursos tinham que ficar em um pequeno círculo. Nós não queremos fazer uma disputa de capital com o interior, ou entre territórios. Mas, não tenham dúvidas de que enquanto Jerônimo for governador, enquanto Bruno for secretário, os recursos da cultura serão para a cultura da Bahia como um todo. E, é por isso, que esta Carta de Solicitações do Zambiapunga não servirá apenas para tirarmos foto. Nós temos o compromisso para que esta Carta seja atendida, pois sabemos que quando o Zambiapunga abre as portas para as novas gerações, significa inclusão e crescimento com geração de emprego e renda. Precisamos ter consciência que as políticas públicas fazem diferença na vida das pessoas”. Fechando a noite, uma animada roda de capoeira do projeto Saúva de Nilo Peçanha encantou o público.